segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

Análise - "Nautilus Vol. 1: O Teatro de Sombras" com argumento de Matthieu Mariolle e ilustrações de Guénaël Grabowski

"Nautilus Vol. 1: O Teatro de Sombras" com argumento de Matthieu Mariolle e ilustrações de Guénaël Grabowski trata-se de mais uma das apostas que resulta da parceria entre as editoras A Seita e Arte de Autor. Aqui temos o início de uma história de aventura e espionagem ambientada no final do século XIX e que se irá desenrolar em 3 volumes. 

 


Se tivesse de explicar que tipo de história é que o argumentista Matthieu Mariolle apresenta aqui, diria que se trata de um aventura ao estilo James Bond com toques de Júlio Verne e até um pouco de Indiana Jones. O protagonista desta aventura é Kimball O’Hara (do romance Kim de Rudyard Kipling), que aqui está ao serviço da espionagem do império britânico e que se vê acusado de trair o mesmo.

 


A história inicia-se com o recurso a uma prolepse onde vemos Kim a deslumbrar um navio com o auxílio do Nautilus, o submarino comandado pelo capitão Nemo. De seguida é apresentado um pequeno texto relativamente ao contexto histórico em que a história de passa e que é fundamental para o leitor ter noção da dimensão que a história irá tomar. É assim apresentado o Grande Jogo: um período de grande tensão entre os impérios britânico e russo no domínio da região do Raj, na altura território colonial britânico das Índias.


A história inicia-se com Kim a perseguir um espião russo até um navio que contém documentos relativos a um agente duplo. No entanto, no momento em que este vai recuperar esses documentos, o navio é atacado e acaba por afundar. Após salvar-se, Kim é confrontado por Jaya que o acusa de trair o império. O protagonista acaba por conseguir escapar das forças que o aprisionavam e começa assim uma caça de gato e rato entre estes dois personagens que possuem um passado em comum, mas que nunca é totalmente desvendado pelo argumentista. Finalmente, no final do primeiro ato da história, Kim recorre ao coronel Creighton, um dos seus aliados, que lhe diz que apenas um homem o conseguirá ajudar na recuperação dos documentos presentes no cofre do navio afundado: o capitão Nemo. 


 

Não irei revelar mais sobre o argumento, uma vez que acredito que este é um volume que qualquer aficionado de boa banda desenhada irá querer ler, no entanto, Kim terá de embarcar numa aventura para limpar o seu nome e para evitar uma guerra iminente entre os impérios britânicos e russos. 

O desenvolvimento da história é bem ritmado, não havendo momentos aborrecidos e acrescentando mais camadas a um argumento que inicialmente parece simples. E, se por um lado o início da história é frenético e repleto de cenas de ação, por outro lado o argumentista consegue abrandar um pouco o ritmo na segunda parte da mesma sem comprometer a qualidade do argumento. O final da história pavimenta caminho para o desenvolvimento da mesma nos próximos capítulos e retorna à cena de abertura deste volume.

 


Relativamente às ilustrações, Guénaël Grabowski convenceu-me com o seu traço e apresenta bastante diversidade na planificação das suas ilustrações. Os cenários são variados e bastante detalhados, as cenas de ação são dinâmicas e conseguem manter o leitor localizado na mesma e os personagens também estão bem trabalhados visualmente. Destaco ainda as cores de Denis Béchu que acho combinarem com o tipo de ilustração e que ajudam a dar uma identidade visual ao período em que a história de passa, principalmente nas cenas subaquáticas.



O acabamento deste volume é em capa cartonada com papel brilhante e de boa gramagem e que conta ainda com um conjunto de esboços e um posfácio como extras. Poderão ver mais imagens deste álbum aqui: https://www.instagram.com/p/Cm4Hw3DsFZs/


Nautilus conquistou-me desde as primeiras páginas e apresenta uma história de aventura e espionagem bem desenvolvida e que me fez estar em pulgas pelos próximos volumes.


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