segunda-feira, 13 de março de 2023

Análise - "CONGO: Um Mundo Esquecido - Edição Definitiva" com argumento de Duarte e Henrique Gandum e ilustrações de Henrique Gandum

Seis anos após a publicação do primeiro volume da série CONGO, os irmãos Duarte e Henrique Gandum voltam a contar o primeiro capítulo num remake do mesmo. Denominado a "Edição Definitiva", este novo álbum reconta a história do álbum de 2017 com maior detalhe e profundidade e até com novos acontecimentos. De igual modo, este álbum também apresenta melhorias bastante significativas no que diz respeito às ilustrações.



Para aqueles que ainda não conhecem a história deste álbum, o mesmo passa-se no Congo durante o ano de 1880, onde os leitores acompanham uma expedição portuguesa à região mais inexplorada da África Central. No entanto, a expedição corre mal quando um dos homens aparece morto de forma brutal. Assim, começa a crescer a dúvida entre os homens liderados por Afonso Ferreira, um explorador de renome. O grupo conta também com Carlos Silvano, um caçador e irmão do homem que falece no início do volume, Roberto Capelo, um tenente e explorador, Aníbal Mendonça, o financiador da expedição, Óscar Hipólito, o médico da expedição, João de Almeida, um padre missionário e Augusto Gouveia, biólogo e cientista.


 

O ponto alto do argumento sem dúvida que é a caracterização dos personagens através dos diálogos e discussões entre si. Fica claro para o leitor perceber quais as motivações de cada um e como isso se reflete nas ações que tomam. Apesar disso, um ponto fundamental desta história é que ela assenta na criptozoologia, a ciência que estuda os animais não reconhecidos cientificamente e que foram albergados, alegadamente, por toda a África Central. Isto leva a que o grupo de homens seja confrontado com estas criaturas e tenham de se adaptar para sobreviver. As situações são diversificadas e a história é bem ritmada, alternando entre cenas de ação e momentos de discussão entre os personagens.

 


Apesar de não ser inovador, o argumento é bem construído e consegue cativar a atenção dos leitores. Relativamente ao volume anterior são apresentadas acontecimentos inéditos que acrescentam profundidade ao argumento e que cimentam a qualidade do mesmo.


Mesmo que a história tenha sido melhorada, a grande evolução verificada entre os álbuns é na parte gráfica. E, de certa maneira, a principal razão que justifica a existência deste remake é a vontade dos autores em trazer consistência à linguagem artística da saga. Para quem conhece os outros volumes deste universo, a evolução verificada entre o primeiro e o segundo capítulo é absolutamente gritante. O traço de Henrique Gandum é muito mais expressivo, detalhado e profundo. Tanto no que diz respeito à caracterização dos personagens como das paisagens e das criaturas, as melhorias são bastante significativas e tornam a história muito mais cativante. Destaque também para a incrível nova ilustração da capa que transmite de forma efetiva a ideia do álbum e que demonstra simultaneamente o excelente uso de iluminação.

 

Relativamente ao acabamento deste álbum, este está em linha com o acabamento dos outros dois volumes. Foi utilizado acabamento brochado com badanas, papel brilhante de boa qualidade e incluídos novos extras. Uma melhoria a meu ver foi a colocação de margens brancas, tal como no spin-off "Amélia - Uma História do Congo". Poderão ver mais imagens deste álbum aqui: https://www.instagram.com/p/CpU8KsmMCOr/

 


Para aqueles que querem conhecer este universo, este é o álbum ao qual os leitores devem recorrer. A versão original continua a ter a sua importância histórica por ter iniciado a saga, no entanto as melhorias apresentadas tanto no argumento e principalmente nas ilustrações tornam esta a versão definitiva e parafraseando os autores "é assim que o primeiro capítulo merece ser contado".



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