quarta-feira, 21 de junho de 2023

O meu olhar sobre a primeira edição do Maia BD!

Nos passados dias 16, 17 e 18 de junho ocorreu, no Fórum da Maia, a primeira edição do festival de banda desenhada Maia BD. Desde já quero dar os meus parabéns tanto à Câmara Municipal da Maia através do Pelouro da Cultura como à editora A Seita pela organização de um festival que coloca a banda desenhada como o centro das atenções no norte do país. De facto, uma das expressões mais referidas quer pelos autores quer pelos leitores e aficionados de banda desenhada foram "O norte já precisava de um festival deste tipo!". Assim, neste artigo vou dar a minha opinião relativamente à minha experiência ao longo dos três dias em que o festival ocorreu.


16 de junho (sexta), primeiro dia de festival

No primeiro dia do festival o grande destaque da programação foi a visita guiada às exposições presentes no Maia BD e a conversa entre Filipe Melo e Nuno Markl numa retrospetiva dos filmes Sleepwalk e O Lobo Solitário ambos realizados por Melo.




Falando da visita guiada, a mesma correu bem e tornou-se ainda melhor pela presença de Marco Mendes e de George Bess. A presença dos autores permitiu que a mesma se tornasse mais dinâmica e surgiu a oportunidade de fazer algumas questões aos autores. Talvez o grande problema da visita guiada tenha sido mesmo o dia e a hora em que se realizaram, o que levou a que não estivesse muitas pessoas na mesma. No entanto, dada a programação dos restantes dias e também a necessidade de estarem presentes os membros da organização, parece-me que este era o único horário possível para a visita. Destaco ainda a presença dos membros da organização, nomeadamente José de Freitas que conduziu várias exposições e também a presença de João Miguel Lameiras.



Para finalizar o primeiro dia do festival, ocorreu no grande auditório a retrospetiva dos filmes Sleepwalk e O Lobo Solitário com a presença de Filipe Melo e Nuno Markl. Inicialmente foram apresentadas as curtas, o que achei uma excelente ideia principalmente para aqueles que não tiveram oportunidade de as ver anteriormente. Após a exibição das mesmas, os artistas foram para o palco onde falaram sobre variados temas para além dos filmes. Achei a conversa interessante e a possibilidade do público fazer perguntas dinamizou o momento. Apesar da casa estar bem composta com algumas dezenas de pessoas, sinto que nestes momentos existe algum tipo de embaraço indevido que leva as pessoas a não fazerem perguntas. Mesmo assim existiram alguns corajosos que colocaram perguntas pertinentes aos artistas. Felizmente tive a oportunidade de abrir a discussão com duas perguntas e gostei bastante das respostas dadas pelo Filipe às questões colocadas.




No final da sessão deu-se a possibilidade de trocar umas ideias com os artistas à porta do Fórum da Maia e para tirar algumas fotos fechando-se assim o primeiro dia do festival.



17 de junho (sábado), segundo dia de festival

O segundo dia de festival foi aquele com maior adesão. Nesse dia cheguei ao Fórum pelas 14:30, uma vez que levei bastantes livros para assinar. Dada a grande afluência do público (que me deixou bastante contente), o meu dia foi bastante agitada pois pretendia conseguir o máximo de autógrafos possíveis. Isso levou a que ficasse no festival até perto das 20:00.

Dado que a organização utilizou um sistema de senhas (que irei opinar sobre o mesmo mais à frente), durante o tempo de espera consegui assistir a algumas apresentações de livros (também irei abordar as apresentações na secção respetiva deste artigo).


Uma vez que se trata de um festival com vários acontecimentos ao mesmo tempo, e tendo em conta que o meu foco foram as sessões de autógrafos e as apresentações, não consegui assistir a outros eventos que aconteceram.

Apesar disso, foi um grande dia e, sem dúvida, aquele em que a organização recebeu a maior afluência do público.


18 de junho (domingo), terceiro dia de festival

O último dia do festival foi um dia mais "morno" quando comparado ao segundo dia. Cheguei ao Fórum novamente pelas 14:30. A afluência das pessoas não foi tão grande, não obstante apareceram ainda bastantes pessoas. Particularmente foi um dia em que foquei-me única e exclusivamente nos autógrafos. Uma vez que pretendia um autógrafo de George Bess, e como apenas existiam 12 senhas (primeiras 6 senhas para assinatura e autógrafo + 6 senhas para autógrafo), fiquei "refém" da fila. Mesmo assim não me arrependo da decisão que tomei!



Neste último dia fui em busca dos restantes sketches e autógrafos dos livros que não consegui no dia anterior. O facto de estarem menos pessoas facilitou o processo e consegui autografar quase todos os livros que trouxe para o festival.

Infelizmente não consegui assistir a nenhuma apresentação de livros que ocorreu neste dia. Consegui, entretanto, assistir a alguns minutos do concurso de cosplay. Apesar de não ser fã fiquei feliz por ver o grande auditório bem composto para assistir a este evento.


As sessões de autógrafos

Nos dias 17 e 18 ocorreram as sessões de autógrafos, duas em cada dia. A primeira acontecia entre as 15:00 e as 17:00 e a segunda acontecia entre as 17:00 e as 19:00. Para o efeito, a organização colocava várias mesas distribuídas na zona exterior do Fórum. Assim, os autores foram distribuídos pelas duas sessões. Deste modo, os leitores poderiam planificam os horários em que iam obter os respetivos autógrafos. Além disso, esta divisão permitiu evitar conflitos entre as sessões de autógrafos e as apresentações dos livros. A título exemplificativo, a artista Joana Mosi esteve presente na primeira sessão do dia 17, uma vez que apresentou o seu livro O Mangusto às 17:00.



Para manter a ordem nas sessões, a organização escrevia num quadro os artistas que marcavam presença em cada uma das sessões e começava a dar as senhas numeradas por ordem cerca de meia hora antes das mesmas começarem. No entanto, cada leitor poderia apenas solicitar uma senha de cada vez. Apesar de alguns leitores não concordarem com esta metodologia e solicitarem várias senhas ao mesmo tempo, o staff responsável não permitia. E com razão! Imaginemos que a primeira pessoa da fila solicitava logo todas as senhas que pretendia. Assim, um leitor que pretendesse os autógrafos de Luís Louro, Bernardo Majer e André Oliveira receberia as senhas com o número 1 para estes autores. Por sua vez, um segundo leitor que pretende-se os autógrafos dos mesmos autores receberia as senhas com o número 2. No entanto, quando o leitor número 1 se dirigisse, por exemplo, à mesa do Luís Louro, o segundo leitor naturalmente iria dirigir-se, por exemplo, à mesa do Bernardo Majer, no entanto entregar-lhe-ia a senha número 2 sem ter recebido a primeira. Assim evitou-se este tipo de constrangimentos com o sistema adotado pela organização. Apesar disso, verificou-se que alguns artistas eram mais concorridos do que outros. Algo que me aconteceu foi ter uma senha para o Luís Louro mas estar em fila de espera. Enquanto isso, ao verificar que a mesa do André F. Morgado estava livre, solicitei uma senha para este e consegui o autógrafo do André enquanto o Luís tratava do autógrafo de outro leitor. Realço novamente que a solução adotada foi a melhor opção. Talvez o recurso à tradicional fila indiana fosse a única alternativa, no entanto, isso levaria os leitores a esperarem na fila, o que retirava a liberdade das pessoas irem às apresentações ou aos outros espaços do festival. Algo que também me aconteceu foi ter senha para um autor, mas dada a fila de espera consegui assistir a apresentações de livros enquanto esperava pela minha vez.

Apesar de não ter conseguido autógrafos em todos os livros que trouxe, cerca de 90% deles ficaram assinados, o que considero um número fantástico. Gostaria de ter mais livros para assinar, no entanto, o orçamento impediu-me de sair do Maia BD com mais assinaturas. Na secção abaixo deixo uma galeria com as assinaturas e sketches feitos pelos artistas, bem como as fotos que tirei com os mesmos.

Luís Louro e Nuno Markl



Filipe Melo




Joana Afonso




Bernardo Majer



Penim Loureio e Carlos Silva


Paulo J. Mendes



André F. Morgado


André Oliveira, Filipe Abranches,Marco Mendes, João Miguel Lameiras, Pedro Vieira de Moura, Rita Alfaiate e Ricardo Baptista







As apresentações

Ao longo do fim de semana ocorreram 15 apresentações com autores, divulgadores e editores de banda desenhada. Uma vez que a grande maioria destas apresentações ocorreram em simultâneo com as sessões de autógrafos apenas consegui comparecer a duas delas. As mesmas ocorreram no pequeno auditório do fórum, um espaço que funciona muito bem para o efeito das apresentações.

A primeira foi a apresentação da reedição do livro O Corvo III - Laços de Família com a presença dos autores Luís Louro e Nuno Markl e moderada por Pedro Cleto do blog As Leituras do Pedro. Destaco já a escolha da organização em criar sessões de meia minutos que acho ser a duração adequada para os intervenientes explorem as suas ideias.



A outra apresentação em que marquei presença foi referente ao lançamento do livro As Aventuras Completas de Dog Mendonça e Pizzaboy com a presença de Filipe Melo e João Miguel Lameiras. Esta apresentação também abordou os 12 anos de atividade do artista português no mundo da banda desenhada. Na fase final das apresentações a que assisti os apresentadores tiveram sempre o cuidado de perguntar à plateia se havia questões. Assim, tive novamente a oportunidade de fazer questões em ambas as sessões e ajudar a dinamizar as mesmas. Destaco novamente a duração das sessões que permite inicialmente a apresentação dos intervenientes e posteriormente a sessão de questões sem que nenhuma seja apressada. O único aspeto que acho que deverá ser melhorado é a impossibilidade de estar ligado mais do que um microfone, o que levou os intervenientes a ligarem e desligarem os mesmos ("Microfone!" disse muitas vezes a plateia) e que, consequentemente reduziu um pouco a fluidez da conversa. Uma outra sugestão seria a projeção de imagens dos respetivos livros abordados dado que a sala apresenta as condições para o fazer.



Finalizo este tópico realçando a importância destas apresentações no âmbito deste e outros festivais, dado que, para além de dar a conhecer os livros abordados nas sessões, permite simultaneamente o contacto direto com os autores e editores para lá das conversas que naturalmente surgem nas sessões de autógrafos.


Os quiosques de livros

Como tinha sido anunciado na apresentação do festival, que ocorreu cerca de um mês antes, o Maia BD teve um espaço reservado à venda de livros. Os quiosques de livros ficaram no piso -1 do fórum, um bom espaço uma vez que era acessível descendo as escadas presentes logo à entrada do fórum. As editoras A Seita, Escorpião Azul e Sendai Editora tiveram uma banca específica para cada uma delas, enquanto que outras editoras estiveram representadas pelas bancas de lojas como a Convergência e Dr. Kartoon.




Esta secção foi uma das que mais visitei dado que aproveitei para comprar muitos livros que ainda não tinha e que consegui ter autografados. Basicamente foi nesta secção em que "fiquei com a carteira mais leve" mas mais feliz. Apesar de perceber que estamos num momento económico complicado, acredito que as promoções pudessem apresentar descontos maiores. Deste modo, seria uma boa forma de se venderem mais livros. Eu próprio que o diga que fiquei com pena de não levar mais livros e de ter abdicado de uns para levar outros.



Naturalmente que as editoras com banca própria tinham todo ou quase todo o seu catálogo disponível para compra. Mesmo assim, as restantes editoras estavam bem representadas. Além disso, a presença dos editores foi bastante benéfica para conhecer os mesmos e dar uma opinião direta sobre os seus lançamentos. Destaco um momento em que assisti um leitor parabenizar Cassiano Lopes da Sendai Editora pela inclusão do conto original no livro Lembranças de Emanon. Também consegui conhecer o Cassiano, bem como editores Jorge Deodato e Sharon Mendes da Escorpião Azul.








As exposições

Tal como referi anteriormente, o Maia BD teve várias exposições. Cinco para ser mais exato. De um modo geral, todas as exposições estavam bem compostas, com vários pranchas originais e com um texto a apresentar as mesmas. Os locais em que as mesmas estavam eram bem iluminados e foram emoldurados com materiais de qualidade. Particularmente gostei de todas as exposições e tive a oportunidade de as observar com a calma necessária para as apreciar devidamente.



Apesar das exposições de Dog Mendonça e Pizzaboy e Frankenstein de Mary Shelly estarem bem localizadas, perto da entrada do fórum, no piso 0 e piso 1 respetivamente, o mesmo não se pode dizer das restantes. A exposição de Marco Mendes ainda "teve a sorte" de ficar na entrada da Biblioteca Municipal da Maia, no entanto as restantes exposições ficaram no Café Concerto do Fórum, um local um pouco distante do epicentro do festival. Apesar disso, tenho noção de que o espaço indicado para as restantes exposições e mais próximo da entrada principal estava ocupado com as exposições da Bienal de Arte Contemporânea.

Para aqueles que não tiveram oportunidade de marcar presença no festival, deixo abaixo uma galeria de imagens com as exposições. Aproveitem!

Dog Mendonça e Pizzaboy, de Filipe Melo e Juan Cavia










Juventude & Etc., de Marco Mendes











Auto da Barca do Inferno, de Joana Afonso e João Miguel Lameiras











O Mangusto, de Joana Mosi








Frankenstein de Mary Shelley, de George Bess









Dado que abordei a grande maioria dos pontos fundamentais do festival, quero desde já dar os parabéns à organização pelos enumerados acertos nesta primeira edição do festival. Apesar dos "problemas" que fui referindo ao longo do artigo, creio que a organização fez sempre o melhor possível dadas as condições. Aproveito também para agradecer novamente à organização por ter a ideia e a iniciativa de fazer um festival a norte. A aposta foi feita e os leitores disseram convictamente "PRESENTE!". Particularmente, foi uma alegria enorme ter marcado presença em todos os dias do festival.

Aproveita apenas para deixar mais uma recomendação que seria a inclusão de um espaço de alimentação para que os leitores e também os autores possam passar para comer alguma coisa. Apesar de existir uma máquina de comida e de café achei escassa a oferta. Deste modo, a cafetaria/bar do fórum poderia ser utilizada para esse efeito ou, em alternativa, poder-se-ia criar um espaço para o mesmo.

Espero que o evento tenha sido um sucesso e espero sinceramente puder dizer "Obrigado e até para o ano!".

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